quarta-feira, 5 de março de 2008

Sobre justiça e matemática


Quem já esteve frente a frente com um juiz, deve ter percebido como o cenário da justiça é montado. O juiz, nem sempre de toga, em um nível superior aos demais (natural), com um olhar sério, compenetrado e, ao fundo, um crucifixo lembrando o compromisso com os princípios religiosos do nosso país, do nosso povo. Tudo muito adequado, se todos esses símbolos e o que eles representam realmente inspirassem as decisões e julgamentos. Como pretender que a justiça dos homens seja igual à justiça Divina? A primeira nasce da outra, mas é imperfeita, e pode carregar nossos piores sentimentos. Pra citar alguns: o orgulho, o interesse, a cobiça, a raiva, e por aí vai. O que se passa na cabeça "soberana" de um juiz? Será que pode se dar ao desfrute de "estar num dia ruim" (a moda agora é explicar como "bipolaridade")? De "não ir com a cara" do réu ou do autor? E será que pode mesmo se dar ao luxo de não querer (ou saber) fazer uma conta matemática? É... Ao destacar comportamentos tão específicos já posso estar me denunciando. Será que vivi uma história parecida? Vou deixar a resposta no ar. "Meu amigo", que passou por esse dissabor, não saiu como perdedor no final das contas (literalmente). Mas passou por maus bocados que duraram alguns poucos minutos. Momentos de expectativa diante de um extrato bancário (complicados, admito), mas que se não vale como prova de um erro na conta corrente, vale o que? E o pior de tudo: ter sua honestidade posta em jogo pelo "juiz" e, principalmente, pela justiça de Deus: a perfeita. Isso é permitido? A raiva e a arrogância têm lugar num tribunal? Têm. Mas vindas de um juiz? Que soberania é essa? É preciso rigor, verdade e provas. Mas é preciso deixar pra trás a humildade, a coerência e (acho que principalmente) as aulas de matemática do antigo primário? No meio desse turbilhão surge uma luz: uma advogada, prova das conquistas femininas na semana do dia internacional da mulher. A presença da mulher realmente modifica um ambiente, uma situação... No olhar, a delicadeza, que ganha contornos ainda mais especiais. Num instante, a ternura já está a serviço da verdade e o jogo dos brutos se inverte para a felicidade e alívio desse meu amigo. Com a certeza de que Deus está solto e a tudo vê.