sexta-feira, 6 de junho de 2008

Sou pai!


Finalmente uma notícia de verdade para desenferrujar o Blog. Nunca esperei que fosse dizer isso tão cedo, mas "vou ser pai"! Nasce em dezembro, finalzinho do ano! Ele, ou ela, faz questão de marcar presença em nossas vidas ainda em 2008. Como será? Como será tudo? Serei um bom pai? Não tenho muitas referências. Esse foi um capítulo apagado da minha vida. Sufocado mesmo. No começo havia uma sensação de esperança: "um dia ele virá me explicar as coisas da vida e me sentirei seguro". Mas não aconteceu. E num dado momento esqueci de esperar. Mas acho que lá no fundo, ainda lembro do menino que não desiste de aguardar esse encontro. É a natureza que mostra: se um pai não fosse importante, se não fosse necessário, as mulheres teriam filhos sozinhas. E não é qualquer mulher que cria seus filhos sozinha. Sem querer parecer pessimista ou machista, mas é como se fosse aquele time que joga com garra até o último minuto, que até ganha, mas precisa contar com resultados de outras partidas para conquistar o campeonato: a vida, a sociedade e a cabeça dos próprios filhos. "São crianças como você...". Então o que posso dizer ao meu filho? Vejo a barriga da minha mulher crescendo a cada dia. A cada centímetro, a ficha vai caindo um pouco mais. Porque o medo e a expectativa para que o conforto e as coisas materiais estejam em ordem competem com as imagens que já vêm à minha cabeça, do canto que ainda permanece mais puro na minha alma, que eu achei que estivesse esquecido. Penso no meu filho ou filha, e no lugar de buscar na lembrança o pai que eu não pude ter, lembro de mim mesmo quando criança. Dos momentos em que deixava as brincadeiras de lado e olhava para o vazio, para o infinito, esperando aquela resposta, aquele abraço que não chegou... Aí vejo a mim mesmo adulto, nos dias de hoje. Eu caminho em direção a esse menino. O abraço. Olho de novo pra ele e.. vejo meu filho! Um pedaço de mim que vai precisar do meu melhor, da minha luta e da minha perseverança. É uma chance de zerar o passado, mas olhando pro futuro. Tentar de novo, de alguma forma. Continuar! Você de alguma forma sabe mais do que eu. Vai me ensinar também... Seja bem-vindo, eu estou aqui!!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Sobre justiça e matemática


Quem já esteve frente a frente com um juiz, deve ter percebido como o cenário da justiça é montado. O juiz, nem sempre de toga, em um nível superior aos demais (natural), com um olhar sério, compenetrado e, ao fundo, um crucifixo lembrando o compromisso com os princípios religiosos do nosso país, do nosso povo. Tudo muito adequado, se todos esses símbolos e o que eles representam realmente inspirassem as decisões e julgamentos. Como pretender que a justiça dos homens seja igual à justiça Divina? A primeira nasce da outra, mas é imperfeita, e pode carregar nossos piores sentimentos. Pra citar alguns: o orgulho, o interesse, a cobiça, a raiva, e por aí vai. O que se passa na cabeça "soberana" de um juiz? Será que pode se dar ao desfrute de "estar num dia ruim" (a moda agora é explicar como "bipolaridade")? De "não ir com a cara" do réu ou do autor? E será que pode mesmo se dar ao luxo de não querer (ou saber) fazer uma conta matemática? É... Ao destacar comportamentos tão específicos já posso estar me denunciando. Será que vivi uma história parecida? Vou deixar a resposta no ar. "Meu amigo", que passou por esse dissabor, não saiu como perdedor no final das contas (literalmente). Mas passou por maus bocados que duraram alguns poucos minutos. Momentos de expectativa diante de um extrato bancário (complicados, admito), mas que se não vale como prova de um erro na conta corrente, vale o que? E o pior de tudo: ter sua honestidade posta em jogo pelo "juiz" e, principalmente, pela justiça de Deus: a perfeita. Isso é permitido? A raiva e a arrogância têm lugar num tribunal? Têm. Mas vindas de um juiz? Que soberania é essa? É preciso rigor, verdade e provas. Mas é preciso deixar pra trás a humildade, a coerência e (acho que principalmente) as aulas de matemática do antigo primário? No meio desse turbilhão surge uma luz: uma advogada, prova das conquistas femininas na semana do dia internacional da mulher. A presença da mulher realmente modifica um ambiente, uma situação... No olhar, a delicadeza, que ganha contornos ainda mais especiais. Num instante, a ternura já está a serviço da verdade e o jogo dos brutos se inverte para a felicidade e alívio desse meu amigo. Com a certeza de que Deus está solto e a tudo vê.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Bom filho à casa torna...




2008. Se acreditasse em numerologia somaria 2 + 0 + 0 + 8 = 10. 1 + 0 = 1. Se acreditasse nisso, diria que o "um" representa o começo, o instinto, a força que nos tira da inércia. Áries... Será que o ano será assim? Sei lá, geralmente tem sido assim mesmo. Comigo, conosco, com o mundo. Começar sempre. Deve ser nisso que o pessoal da Central pensa ao acordar de manhã pra pegar no batente. Nisso e na Skol gelada que circula entre os vagões. Vagões que lembram porões de um navio negreiro, com seus cânticos, batucadas e choros mudos que explodem nos olhares. Olhares que vagueiam quase perdidos através do calor do ar, embalados pelo ritmo da composição e o cheiro sujo de metal aquecido embaixo de nossos pés. Pés cansados que saltam na plataforma e enfrentam o asfalto e a terra molhada no caminho de volta pra casa. Casa que guarda os nossos sonhos e medos mais íntimos, os projetos mais loucos e definitivos de nossas vidas. Vidas que não deixam de recomeçar...